Conheci hoje o Manifesto Cuticuti e fiquei encantada pela
criatividade e sensibilidade. O projeto foi idealizado pela estudante Melissa
Westphal que tem 23 anos e mora em São Lourenço do Sul RS. É brasileiríssima e
talentosíssima.
A galera do blog Mistura Urbana entrevistou a Melissa e
tomei a liberdade de divulgar aqui no Coisas de Karol com K o que ela disse
sobre o trabalho que são lambe-lambes que interagem com o meio e trazem cores,
arte, mensagens motivadoras e muitas outras formas para a cidade e para a vida
das pessoas.
Veja abaixo a entrevista:
Como e onde nasceu o Manifesto CutiCuti. Qual a necessidade?
Quando eu entrei na faculdade de Artes Visuais em 2011, fui
apresentada para um mundo que eu não conhecia. Por ter nascido numa cidade de
35 mil habitantes, eu não tinha muita ideia do que era street art, porque esse
tipo de manifestação não ocorria aqui. Mas nas cadeiras da faculdade os
professores falavam muito de arte contemporânea, graffiti, intervenções urbanas
e etc, naquele momento eu sabia que aquilo mexia comigo. O nome ‘Manifesto
Cuticuti’ só surgiu ano passado, mas já vou chegar nessa parte.
Então, em novembro de 2011 eu estava em fim de semestre e
tinha os trabalhos finais para fazer, como o curso de artes é bem livre, eu
acabei fazendo a maioria dos trabalhos relacionados com arte urbana. Durante
esse mês de novembro de 2011 surgiram trabalhos assim:
Esses dois trabalhos foram feitos na cidade de São Lourenço
do Sul, e dialogavam com uma cidade carente de arte urbana, uma cidade cheia de
lugares esquecidos que mereciam algum tipo de interação. Mas eu queria ir além,
queria levar a sério essa coisa de colar lambe-lambe com algum propósito nas
ruas, de mudar nem que seja por um segundo a rotina de quem tá caminhando por
aquele local que teve uma intervenção.
Assim em um fim de semana eu criei 10 lambe-lambes (também
em novembro de 2011) que já seguem exatamente a ideia do que é o Manifesto hoje
em dia. Esses foram colados já em Pelotas-RS:
Então, em 2012 eu acabei trocando das artes para o design
gráfico e nesse momento deixei um pouco de lado as produções relacionadas à
arte urbana. Somente ano passado eu desenterrei das gavetas o projeto, aí sim
surgiu o nome ‘Manifesto Cuticuti’ e dei continuidade numa coisa que eu sabia
que nunca deveria ter abandonado. Inclusive o Manifesto é meu tema de TCC,
então em 2015 eu ainda vou estudar muito ele e produzir muitas coisas. :D
Esse tipo de intervenção urbana mexe muitas com as pessoas,
ainda mais nos grandes centros urbanos. Qual a sua opinião sobre isso?
Eu acho isso fantástico, mostra o quanto as pessoas sentem
necessidade de arte no dia-a-dia delas, ainda mais nas ruas que é um local longe
das galerias de arte. Como eu falei antes, é ótimo tirar a pessoa nem que seja
por um segundo da sua rotina diária, eu só tento transformar esse ‘escape’ em
uma experiência positiva. Mas vejo também o quanto a internet ajuda nisso,
porque por exemplo, eu acho que o registro do lambe-lambe é tão importante
quanto ele em si. Lambe-lambe é uma arte muito efêmera, que pode durar minutos,
ou alguns dias, nesse caso o registro se torna fundamental, transforma ele em
algo mais atemporal.
As mensagens são fofas e cheias de reflexão ao mesmo tempo.
Como você acha que esse tipo de arte urbana influencia e de que maneira passa a
ser um modo de expressão?
No fim de 2013 eu passei alguns dias na cidade de São Paulo
e perto do MASP tinha uma pixação que dizia ‘largue seu emprego’. Na época eu
tava trabalhando em uma agência de publicidade e tava realmente querendo pedir
pra sair do emprego, ao ler aquela mensagem eu pensei que aquele era o sinal
que precisava hehe (eu realmente pedi pra sair, levou uns 2 meses, mas pedi!
hauhau). É um fato bobo, mas aquela pixação me mostrou o quanto o Manifesto
podia fazer exatamente isso com as pessoas nas ruas. Por isso em 2014 eu acabei
resgatando ele e decidindo que continuaria com o projeto que tinha abandonado
lá em 2011.
A gente sabe que acontece muita coisa ruim no nosso país, é
cada vez mais difícil conviver com tanta injustiça, violência, corrupção e etc.
Por isso eu tento ver o lado bom das coisas e tento transmitir esse otimismo
para as pessoas que estão caminhando na rua ou até mesmo só vendo a foto de um
lambe-lambe na internet. Esse foi o modo que eu encontrei de me expressar, de
tentar tornar o mundo um lugar um pouco melhor.
Você recebe sugestões de frases ou vai muito ao encontro do
que está sentindo no momento?
Admito que não recebo muitas sugestões. Acho que vai ao
encontro do que eu estou sentindo mesmo, querendo ou não é um projeto muito
pessoal. A frase precisa, antes de tudo, fazer sentido pra mim, caso contrário
não rola muito um sentimento ao criar a arte do cartaz.
Aceita colaborações de quem acompanha?
Claro! Colaborações serão super bem vindas! :)
As frases também
viram camisetas e acessórios?
Sim! Muitas pessoas começaram a me pedir produtos com as
artes, então basicamente eu tenho uma lojinha online em
www.touts.com.br/cuticutis. E também vendo coisas por conta própria, daí é só
mandar e-mail para manifestocuticuti@gmail.com.
Nas ruas de quais cidades podemos nos deparar com as
mensagens?
Já colei lambe-lambes por São Lourenço do Sul, Pelotas,
Porto Alegre, São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México.
Como recebe o feedback das pessoas?
É ótimo! hehe. Sério, eu fico muito feliz quando vejo que as
pessoas tiram foto nas ruas dos cartazes, ou quando compartilham as imagens no
instagram. Eu só tenho a agradecer todo o carinho e a todas coisas boas que o
projeto está me proporcionando. (inclusive estar escrevendo aqui pra ti é uma
dessas coisas boas hauhau) :D
Não é incrível o projeto da Melissa? Eu pirei em tudo e
desde então tenho acompanhado o instagram do projeto. Acompanhe você também e
inspire-se!
Nenhum comentário:
Postar um comentário