...Frodo ficou por uns momentos deitado, lutando contra o sono que o dominava; então, com um enorme esforço, ficou em pé novamente. Sentia um implacável desejo de água fresca. - Espere aqui, Sam - gaguejou ele. - Lavar os pés um pouquinho.
Quase sonâmbulo, foi cambaleando até o lado da árvore que dava para o rio, onde grandes raízes arcadas cresciam dentro da água, como pequenos dragões encaroçados esticando o corpo para beber água. Sentou-se sobre uma dessas e começou a bater os pés quentes na água fresca e escura; ali mesmo adormeceu de repente, com as costas apoiadas na árvore.
Sam sentou-se e coçou a cabeça, a boca se abrindo num bocejo como uma caverna. Estava preocupado. A tarde avançava, e essa sonolência não parecia normal. - Existe mais por trás disto do que apenas sol e ar quente - murmurou ele para si mesmo. - Não gosto desta árvore grande. Não confio nela. Ainda por cima cantando coisas sobre sono! Isso não pode estar certo!
Pôs-se de pé e foi cambaleando ver o que tinha acontecido com os pôneis. Descobriu que dois deles tinham avançado uma boa distância pela trilha. Estava trazendo-os de volta para junto dos outros quando ouviu dois ruídos; um alto, e outro baixo, mas muito claro. O primeiro foi o som de algo pesado caindo na água; o outro era um barulho parecido com o que um trinco faz quando se tranca uma porta com cuidado.
Voltou correndo à margem. Frodo estava na água, perto da beira, e uma grande raiz de árvore parecia estar por cima dele, impulsionando-o para baixo, mas ele não lutava contra isso. Sam agarrou-o pelo casaco, arrastando-o para longe do alcance da raiz; depois, com dificuldade, trouxe-o até a margem. Frodo acordou quase imediatamente, tossindo e engasgado.
- Sabe de uma coisa, Sam? - disse ele finalmente. - Esta árvore abominável me atirou na água! Eu senti! Aquela raiz grande virou e simplesmente me derrubou na água!...
(Trecho do Livro "A Sociedade do Anel" J.R.R. Tolkien - página 121 - Trilogia completa)
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